segunda-feira, 16 de maio de 2011

Beijo, me liga (ou não)

Em uma noite descompromissada, o convite veio pela Internet.
Ela temia o que aconteceria depois da cerveja para a qual foi convidada.
Ele era sua versão masculina, ou algo do tipo. Uma mistura entre cafajeste assumido, galã moderno e poeta disfarçado.
Ela aceitou, mas foi para o encontro armada para a briga.
A disputa de quem era pior, começou no primeiro copo. Juntamente com o jogo cliché de sedução.
A forma que usaram para se conhecerem foi a mais ridícula possível, porém, se interessaram pelas histórias um do outro, e descobriram afinidades mesmo nas coisas que não eram ruins, mesmo porque, para eles, o ruim era relativo.
Foi então que no meio do jogo de perguntas, ela foi obrigada a conter o riso diante da seguinte declaração:
-Você se torna mais interessante a cada cinco minutos, e nós já estamos conversando a quatro horas.
O jogo continuou, mas de uma forma mais intensa, já olhavam apenas para boca um do outro, e diante dessa situação um diálogo foi estabelecido em um tom de voz sedutor, juntamente com os rostos colados.
- Quando você soube que eu seria seu?
- O ser meu é um fato?
- Sim. Eu soube que você seria minha na primeira vez que você sorriu.
E assim, o primeiro beijo foi dado. Mas claro que a situação não era a mais confortável do mundo. Afinal, aquilo era uma disputa, e o beijo apenas definia um empate.
Para a fase final, foram para a casa dele e lá sim a briga foi intensa. Mas mesmo depois de uma hora, não haviam conseguido desempatar a disputa.
Ambos já estavam muito cansados, e adormeceram abraçados, como se não fossem rivais.
Mesmo sem saber, foi exatamente nesse momento em que a disputa foi definida. Ela acordou e percebeu que ele desfrutava de um sono profundo. Ela até poderia voltar a dormir junto a ele e continuar a disputar mais tarde, mas em um lapso de segundos percebeu a oportunidade de dar seu cheque mate.
Diante da situação, ela se vestiu, pegou o equipamento dele e colocou em cima da cama do belo adormecido. Junto com os equipamentos, deixou um bilhete com o delicado recado: Beijo, me liga (ou não).
Ela se afastou, fechou a porta e seguiu caminhando pelo corredor acompanha da musiquinha de ação que caracterizava a vitória.
Ela não havia apenas ganhado a disputa, ela havia realizado o sonho de todas as companheiras de esporte que sempre duelaram, mas nunca conseguiram vencer.
Ele? Ah... ele, derrotado, continuou dormindo!